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17.10.10

Texto para exemplificação das técnicas dissertativas

Pessoal, relembrando nossa aula sobre Neoplatonismo e os valores absoluto e relativo, eu escrevi este texto, que ainda que seja dissertativo em seu conteúdo, a sua forma foge um pouco das solicitadas nos vestibulares, por se assemelhar a um artigo.
Mas se estudarmos a sua estrutura, podemos perceber que ela também serve como modelo para a redação dos vestibulares, até porque ela faz uso de uma tese de adesão inicial, de uma tese principal e de um fato exemplo, além, é claro, de utilizar uma das técnicas de conclusão em uma dissertação.
Bom, vamos lá?!
- A tese de adesão inicial (usada no primeiro parágrafo) é a de que as verdades de cada um devem ser respeitadas, pois elas somadas conduzem à Verdade que é boa para todos.
- A tese principal se refere às verdades relativas e à Verdade Absoluta. Essa tese principal será defendida nos parágrafos de desenvolvimento da dissertação.
- O fato exemplo se refere a um modelo para comprovar se as verdades são Verdades. A exemplificação da nossa tese está no modelo 1+1=?
- E na conclusão é usada a técnica de reforço, através da metáfora do rio e do mar usada na introdução.
Agora, deixo uma pergunta para vocês refletirem:
- Que tipo de argumento foi usado para defender a tese principal?
Compatibilidade e Incompatibilidade; Regra de Justiça; Retorsão; Ridículo; Definições Etimológicas e Normativas; Desperdício; Exemplo, Modelo e Antimodelo; Analogia; ou Pragmático?

Sobre a Verdade por trás das verdades
“Ao alimentar o verdadeiro, ilumina-se a consciência; ao fomentar o bem, gera-se o saber”
Todas as verdades estão interligadas e quanto mais se buscar colocar em prática esta interligação, mais será a compreensão da Verdade que interliga todas as verdades, afinal, como Sertillanges afirma “basta eu embarcar no afluente que chegarei ao rio, e daí ao mar.
Mas que verdades são essas que se interligam? Essas verdades são aquelas consideradas relativas, ou seja, são pontos de vista individuais, e por assim serem, variam de pessoa a pessoa, sendo que, algumas dessas verdades podem não possuir efeito no geral, enquanto outras são somente efetivas em um âmbito específico e/ou individual; no entanto, essa efetividade é que irá conferir à relatividade caráter de verdadeiro, pois, sendo efetivo, ainda que relativo, possui valor prático - mesmo que na esfera individual.
Porém, se a relatividade de uma verdade assim for, ela inclusive poderá conduzir a uma verdade também prática na esfera do geral e coletiva. Mas cabe uma ressalva: para essa efetividade existir é necessário o bom funcionamento do processo da dinâmica de interdependência, que será analisado a seguir.
Assim como os fins são interdependentes a uma causa maior a qual eles são destinados, as verdades relativas também são interdependentes, portanto, todas elas dependem das verdades que as antecedem, sendo que a última das verdades – o que, inclusive deste ponto de vista de interdependência a caracteriza, também, como a primeira das verdades – é a Verdade Absoluta, isto é, a Verdade por trás das verdades.
Essa Verdade Absoluta é a última das verdades porque ela interliga as verdades relativas; e ela é a primeira, por ser o elemento sintetizador das teses e antíteses que conferem o tom da dinâmica entre as verdades relativas.
Aliás, é nessa dinâmica entre verdades relativas que se pode certificar se o que está sendo analisado é uma verdade (ainda que relativa) ou não.
Como foi abordado anteriormente, para a ascensão à Verdade é necessário abdicar de uma posição individual para ressaltar uma participação coletiva rumo ao universal. A esse processo convém denominá-lo de dinâmica de interdependência.
Ainda, sobre a dinâmica entre as verdades relativas e seu processo de interdependência é interessante demonstrar - por meio de uma pérola de sabedoria popular - quais são os três possíveis resultados que podem ser obtidos no processo:               
                - a dinâmica de interdependência através de um argumento, onde 1+1=0;
                - a dinâmica de interdependência através de um debate, onde 1+1=2;
                - e a dinâmica de interdependência através de um diálogo, onde 1+1=3.
Portanto, quando na soma das verdades relativas individuais, o resultado for maior ou igual a dois (2), uma ou todas as variáveis podem ser consideradas bom e/ou vero.
Porém, na certificação e na busca pela Verdade é mais interessante e sensato, se atentar à dinâmica de interdependência do que na relatividade individual das verdades de cada um dos envolvidos nesse processo, isto porque é no respeito à relatividade, portanto, aos pontos de vista individuais, que se alcança o elemento síntese que levará todas as verdades relativas que flutuam nos afluentes do rio ao absolutismo integrador do mar, que tudo abarca e que é o fim último de tudo aquilo que almeja conhecer o fator primeiro: a Verdade Absoluta.


10.7.10

As Técnicas Argumentativas

Técnicas argumentativas são os fundamentos que estabelecem a ligação entre as teses de adesão inicial e a tese principal. Essas técnicas compreendem dois grupos principais: os argumentos quase lógicos e os argumentos fundamentados na estrutura do real.
 
Argumentos Quase Lógicos
1 - Compatibilidade e Incompatibilidade
2 - Regra de Justiça
3 - Retorsão
4 - Ridículo
5 - Definições (Etimológicas e Normativas)

Argumentos do Real
1 - Desperdício
2 - Exemplo
3 - Modelo e Antimodelo
4 - Analogia
5 - Pragmático

9.7.10

Argumentos Quase Lógicos

 
Compatibilidade e Incompatibilidade
Utilizando essa técnica, a pessoa que argumenta procura demonstrar que a tese de
adesão inicial, com a qual o auditório previamente concordou, é compatível ou
incompatível com a tese principal. 

Podemos, por exemplo, antes de tentar convencer o Secretário de Transportes de nossa
cidade a retirar as lombadas das ruas (tese principal), fazê-lo concordar com a tese de
adesão inicial de que, em caso de incêndio ou transporte de doentes, as lombadas
prejudicam sensivelmente a locomoção de carros de bombeiro e de ambulâncias, que são obrigados a parar a cada obstáculo, atrasando um socorro que deveria ser imediato. As lombadas são, pois, incompatíveis com o bom funcionamento dos serviços públicos de emergência.

Esses argumentos recebem o nome de quase lógicos, porque muitas das
incompatibilidades não dependem de aspectos puramente formais e sim da natureza das coisas ou das interpretações humanas. Um eleitor norte-americano, mesmo concordando que o país estava pior no governo Carter, poderia votar nele, por uma questão de amizade, parentesco ou religião. Em um argumento lógico isso é impossível. Eu não posso, por exemplo, depois de dizer que todo homem é mortal, dizer que Paulo, apesar de ser homem, não é mortal, porque é meu amigo!

Regra de Justiça
A regra de justiça fundamenta-se no tratamento idêntico a seres e situações integrados em uma mesma categoria. Um filho, cujo pai se recusa a custear-lhe a faculdade, pode protestar, dizendo que acha isso injusto, uma vez que seus dois irmãos mais velhos tiveram seus cursos superiores pagos por ele. É um argumento de justiça, fundamentado na importância de um precedente.
Utilizando ainda a questão das lombadas, podemos argumentar, defendendo a tese principal da sua retirada, dizendo que esses obstáculos são injustos, uma vez que tanto aqueles que têm por hábito andar em alta velocidade, quanto aqueles que não têm esse hábito são punidos da mesma forma, pelo desconforto de ter de frear o carro, pelo desgaste do veículo etc.

Retorsão
Denominamos retorsão a uma réplica que é feita, utilizando os próprios argumentos do interlocutor. No dia seguinte, após ter entrado em vigor, no ano de 1998, o novo Código Nacional de Trânsito, os noticiários de televisão mostravam donos de carros antigos comprando, em lojas de acessórios, cintos de segurança de três pontos e apoiadores de cabeça para os bancos traseiros, objetivando cumprir um artigo desse código que estabelecia a necessidade desses equipamentos em todos os veículos em circulação no país. Horas depois, um jurista apareceu na mesma emissora de televisão, afirmando que não havia a menor necessidade daquele procedimento, uma vez que o mesmo código, em outro artigo, dizia que não poderiam ser alteradas as características originais de fabricação dos veículos, ou seja, o próprio código que exigia adaptações, em outro artigo, desautorizava-as. Ficou valendo esta última posição! A obrigatoriedade dos cintos de três pontos e dos apoiadores de cabeça para os bancos traseiros ficou restrita aos carros fabricados a partir da data de vigência do novo código.


Ridículo
O argumento do ridículo consiste em criar uma situação irônica, ao se adotar, de forma provisória, um argumento do outro, extraindo dele todas as conclusões, por mais estapafúrdias que sejam. Um exemplo desse procedimento pode ser visto no artigo abaixo, de autoria de Clóvis Rossi, publicado no jornal Folha de S. Paulo:

Cai o Palace 2 e os culpados são as vítimas, se se pudesse levar a sério a afirmação de seu construtor, o deputado Sérgio Naya, de que ouviu falar que algum morador do prédio estava construindo irregularmente uma piscina, em clara insinuação de que fora essa a causa do desabamento. São Paulo quase some sob as águas de março e os culpados são, de novo, as vítimas. Se não fosse o tal do povo sujar as ruas, os bueiros não teriam ficado entupidos e não teria, em conseqüência, havido alagamentos. É o que alega a laboriosa Prefeitura de São Paulo, gestão Celso Pitta.
Como no Brasil há uma forte tendência a que peguem modas indecentes, vamos desde logo à lista dos próximos culpados:

1. Está desempregado? A culpa é sua. Quem mandou preferir ficar em casa, batendo papo com a ”patroa”, em vez de pegar no pesado? Você acaba se viciando no generosíssimo seguro-desemprego pago pelo governo.

2. Sua pequena ou microempresa quebrou? A culpa é sua. Se tivesse PhD em Ásia, você ficaria sabendo que a Tailândia ia quebrar, que logo seria seguida por um punhado de
”tigres” e o Brasil seria obrigado a duplicar os juros que já eram dos mais altos do mundo.
Será que só você não percebeu que a Ásia ia quebrar?

3. Levou uma bala perdida? A culpa é sua. Quem mandou sair à rua, dormir ou nadar sem um colete à prova de balas?

4. Não conseguiu colocar o filho na escola pública de sua preferência? A culpa é sua. Por que não comprou uma casa em um bairro em que a escola próxima tem vagas?

5. Está penando na fila do INSS? A culpa é sua. Só você não ficou sabendo que a economia de mercado oferece uma penca de planos de saúde privados (a fila pelo menos é menor). E não me venha com a história de que o seu salário não lhe permite pagar um plano desses.
Quem mandou você não se preparar para a tal da globalização?

Como vemos, o articulista aceita de modo provisório e irônico o argumento do construtor Sérgio Naya e do prefeito de São Paulo, e aplica-o em diferentes situações, gerando paradoxos.

Logo abaixo, pessoal, vemos aquele causo do Veríssimo sobre o cego que caçou com gato.

O escritor Luís Fernando Veríssimo escreveu, certa vez, uma crônica, utilizando a técnica do ridículo. Trata-se da história de um pobre cego que não tinha conseguido encontrar um cão para guiá-lo pelas ruas da cidade e, como diz o provérbio que ”quem não tem cão caça com gato”, arrumou ele um gato. Depois de certo tempo, era visto passeando não só pelas ruas da cidade, guiado pelo gato, mas também por cima dos muros, por sobre os telhados e por outros lugares insólitos freqüentados usualmente por esses felinos. Por isso eu prefiro dizer: quem não tem cão melhor não caçar, porque gato só atrapalha!


Definições
Para entender o uso das definições como técnicas argumentativas, precisamos, primeiramente, conceituá-las. As definições podem ser: normativas e etimológicas.

a)Definições Normativas.
As definições normativas indicam o sentido que se quer dar a uma palavra em um determinado discurso e dependem de um acordo feito com o auditório. Um médico poderá dizer, por exemplo: — Para efeito legal de transplante de órgãos, vamos considerar a morte do paciente como o desaparecimento completo da atividade elétrica cerebral.

b)Definições Etimológicas.
As definições etimológicas são fundamentadas na origem das palavras. Podemos dizer, como exemplo, que convencer significa vencer junto com o outro, pois é formada pela preposição com mais o verbo vencer. Se fosse vencer o outro ou contra o outro, deveria ser contravencer. É preciso, contudo, prestar atenção a um fato importante. Às vezes, as definições etimológicas não correspondem mais à realidade atual. Tal é o caso, por exemplo, da palavra átomo que, examinada etimologicamente, quer dizer aquilo que não pode ser dividido (a + tomo). Mas, todos sabemos, hoje em dia, que os átomos são compostos de muitas partículas subatômicas e podem ser divididos por meio da fissão nuclear.
As definições expressivas e etimológicas são as mais utilizadas como técnicas argumentativas, uma vez que permitem a fixação de pontos de vista como teses de adesão inicial. Um arquiteto poderá tentar convencer um cliente a aceitar modificações na localização das janelas de um projeto, ou no seu paisagismo, a partir da definição expressiva (tese de adesão inicial) de que uma janela deve ser sempre uma oportunidade para se contemplar o verde.
A filósofa Marilena Chauí utiliza, no texto a seguir, a definição etimológica de religião, para explicar o modo como as várias culturas se relacionam com o sobrenatural:

A palavra religião vem do latim: religio, formada pelo prefixo re (outra vez, de novo) e o verbo ligare (ligar, unir, vincular). A religião é um vínculo. Quais as partes vinculadas? O mundo profano e o mundo sagrado, isto é, a Natureza (água, fogo, ar, animais, plantas, astros, pedras, metais, terra, humanos) e as divindades que habitam a Natureza ou um lugar separado da Natureza.

Nas várias culturas, essa ligação é simbolizada no momento de fundação de uma aldeia, vila ou cidade: o guia religioso traça figuras no chão (círculo, quadrado, triângulo) e repete o mesmo gesto no ar (na direção do céu, ou do mar, ou da floresta, ou do deserto). Esses dois gestos delimitam um espaço novo, sagrado (no ar), e consagrado (no solo). Nesse novo espaço erguem-se o santuário (em latim, templum, templo) e à sua volta, os edifícios da nova comunidade.

8.7.10

Argumentos do real

Pragmático
O argumento pragmático fundamenta-se na relação de dois acontecimentos sucessivos por meio de um vínculo causal. O argumento de Hamlet, no exemplo anterior, trabalha nessa linha, pois, deixando de matar o rei usurpador, evita que essa morte seja causa de um acontecimento futuro que ele não deseja: que a alma do tio vá para o céu. O mais comum, entretanto, é a transferência de valor de uma conseqüência, para a sua causa.

Exemplo: uma semana após a implantação do Novo Código Nacional de Trânsito, em 1998, os jornais divulgaram uma estatística que comprovava um decréscimo de acidentes com vítimas da ordem de 56%. Essa estatística serviu de tese de adesão inicial para a tese principal: a de que o novo Código era uma coisa boa. Para que o argumento pragmático funcione é preciso que o auditório concorde com o valor da conseqüência.

O texto a seguir, de autoria de Paulo Coelho, utiliza o argumento pragmático:

Prevenção
Paulo Coelho
O mullah Nasrudin chamou o seu aluno preferido: ”Vá pegar água no poço”, disse.
O menino preparou-se para fazer o que lhe fora pedido. Antes de partir, entretanto, levou
um cascudo do sábio. ”E não entre em contato com jogadores e pessoas vaidosas, senão terminará perdendo sua alma!”, disse o sábio.
”Ainda nem saí de casa, e já recebi um cascudo! O senhor está me castigando por algo que não fiz!”
”Com as coisas importantes na vida, não se pode ser tolerante”, disse Nasrudin. ”De que adiantaria castigá-lo, depois que já tivesse perdido sua alma?

O valor de manter pura a alma do menino é transferido para a causa: o castigo aparentemente é injusto.
A lei do carma para os hindus fundamenta-se no argumento pragmático. Dizem eles que os males que as pessoas sofrem na vida presente, sem razão aparente, são justificados por faltas cometidas em existências anteriores. A causa, que não é visível nesta vida, estaria em uma vida passada. Trata-se do carma dessa pessoa.
É preciso, contudo, bastante cuidado e, sobretudo, muita ética, no uso do argumento pragmático. Caso contrário, estaremos de acordo com aquela máxima que diz que os fins justificam os meios. Muitas pessoas acham que, porque tiveram uma educação rígida, tornaram-se competentes e, por esse motivo, pretendem, quando forem pais, educar seus filhos da mesma maneira.
As superstições são também fundamentadas no argumento pragmático. O supersticioso acredita, por exemplo, que, como foi assaltado numa esquina após um gato preto ter passado à sua frente, o motivo foi o gato. Transfere o azar do assalto para a causa supersticiosa do gato preto.

Desperdício
Esse argumento consiste em dizer que, uma vez iniciado um trabalho, é preciso ir até o fim para não perder o tempo e o investimento. É o argumento utilizado, por exemplo, por um pai que quer demover o filho da idéia de abandonar um curso superior em andamento. Bossuet, grande orador sacro, bispo da cidade francesa de Meaux, utilizava esse argumento, ao dizer que os pecadores que não se arrependem e, dessa maneira, não conseguem salvar suas almas, estão desperdiçando o sacrifício feito pelo Cristo que, afinal, morreu para nos salvar.

Exemplo
A argumentação pelo exemplo acontece quando sugerimos a imitação das ações de outras pessoas. Podem ser pessoas célebres, membros de nossa família, pessoas que conhecemos em nosso dia-a-dia, cuja conduta admiramos. Posso defender a tese principal de que as pessoas de mais de cinqüenta anos ainda podem realizar grandes coisas em suas vidas, utilizando como tese de adesão inicial o exemplo de Júlio César que, depois dos cinqüenta anos, venceu os gauleses, derrotou Pompeu e tornou-se governador absoluto em Roma.
Dizem que, quando Tancredo Neves pretendia ser candidato à presidência da República, houve, dentro do PMDB, rumores contrários à sua candidatura, alegando ter ele idade avançada. Imediatamente, Tancredo argumentou pelo exemplo, dizendo que, aos 23 anos, Nero tinha posto fogo em Roma e que, com 71 anos, Churchil tinha vencido os nazistas, na Segunda Guerra Mundial;


Modelo ou pelo Antimodelo
A argumentação pelo modelo é uma variação da argumentação pelo exemplo. Os americanos costumam tomar George Washington e Abraham Lincoln como modelos de homens públicos. Aqui no Brasil, falamos em Oswaldo Cruz, Santos Dumont, mas também em Albert Einstein. Podemos dizer a um garoto que ele não deve acanhar-se de ter problemas em matemática (tese principal), pois até mesmo Einstein tinha problemas em matemática (tese de adesão inicial).
A argumentação pelo antimodelo fala naquilo que devemos evitar. Segundo Montaigne, o antimodelo é mais eficaz que o modelo. Dizia ele, citando o estadista romano Catão, que ”os sensatos têm mais que aprender com os loucos do que os loucos com os sensatos”.
Contava também a história de um professor de lira que costumava fazer seus discípulos ouvirem um mau músico que morava em frente da sua casa, para que aprendessem a odiar as desafinações.
Um caso comum de antimodelo é o do pai alcoólatra. Raramente pais alcoólatras têm filhos alcoólatras. O horror ao antimodelo é tamanho que, muitas vezes, os filhos de alcoólatras acabam tornando-se completamente abstêmios.

Analogia
Quando queremos argumentar pela analogia, utilizamos como tese de adesão inicial um fato que tenha uma relação analógica com a tese principal. O renomado médico baiano Elsimar Coutinho utiliza a argumentação pela analogia, em um livro chamado Menstruação, a Sangria Inútil, defendendo a tese (principal) de que as mulheres devem evitar a menstruação, tomando uma medicação que iniba a ovulação. Ao ser questionado se isso não seria interromper uma coisa natural, diz ele que nem tudo aquilo que é natural é bom. Um terremoto, por exemplo, é uma coisa natural e não é boa. Uma enchente é uma coisa natural e não é boa. Uma infecção por bactérias é uma coisa natural e não é boa. Tanto que tomamos antibióticos para combatê-la. Segundo ele, a menstruação, embora natural, tem aspectos indesejáveis como a tensão prémenstrual, e o perigo de enfermidades graves como a endometriose. Combatê-la, pois, com medicamentos, como fazemos com os antibióticos em relação a uma infecção, é uma medida acertada, diz ele.
Completa ele a sua argumentação, ainda por analogia, dizendo que assim como a humanidade viveu dois mil anos sob os ensinamentos de Hipócrates e Galeno, segundo os quais a sangria era o mais poderoso e eficiente remédio para todos os males, muitas mulheres ainda vêem a menstruação como um mecanismo purificador pelo qual a natureza se livra de um sangue sujo ou ruim.

O jornalista Carlos Heitor Cony, comentando a reeleição do presidente Fernando Henrique
Cardoso, em 1998, escreveu o seguinte artigo no jornal Folha de S. Paulo:

NON HUNC, SED BARABBAM
"Vou mesmo de latim para comentar a vitória de FHC no último domingo. Lendo os jornais nos últimos dias, previ que ele teria 80% dos votos. Acho que os esforçados panfletários a favor exageraram um pouco. Afinal, diante de todas as excelências e boas intenções do candidato à reeleição, os 50 e poucos por cento que obteve nas urnas não lhe fizeram
justiça.
Volto ao título. Creio que a primeira eleição historicizada foi aquela promovida por Pilatos, que desejava livrar a cara de Jesus e o colocou em confronto com Barrabás, um assassino que estava para ser crucificado. Era costume libertar um condenado por ocasião da Páscoa judaica.
O raciocínio de Pilatos foi um voto de confiança na sabedoria do povo: entre um assassino e um profeta cujo crime era anunciar o Reino da Verdade, a plebe rude salvaria o profeta e condenaria o criminoso.
Ledo e ivo engano! Não havia TV, cientistas políticos e institutos de pesquisa para influir na vontade popular. Pilatos exibiu o profeta exangue, nem precisou mostrar o adversário,
todos sabiam que Barrabás não prestava mesmo, sua fama de maus bofes era conhecida na Galiléia, na Samaria, até mesmo nas vizinhanças de Qunram.
Prometeu que libertaria o escolhido pela vontade soberana das urnas - que eram de boca e ao vivo.
Estupefacto, o procurador romano ouviu o que não esperava: ”Non hunc, sed Barabbam!”
(”Não este, mas Barrabás!”) Foi aí que Pilatos lavou as mãos. Não era mais com ele.
Sabemos como tudo terminou: Jesus seguiu para o Calvário, Barrabás deu no pé e nunca mais se soube dele. Ficou sendo, apesar de tudo, o primeiro a ser salvo, literalmente, pelo Salvador.
Costumo invocar situações-limite para tentar definir o que penso. O Brasil tem alguma coisa a ver com aquele trapo de homem coberto de sangue, flagelado e coroado de espinhos. Nem o FMI nem o G-7 dariam um centavo por ele. Resta saber para onde o Barrabás fugirá quando chegar a hora."

Cony não manifesta explicitamente seu pessimismo pela reeleição de Fernando Henrique.
A argumentação pela analogia, referindo-se à opção dos israelitas por Barrabás, se encarrega disso. Fica subentendido que o povo brasileiro escolheu o pior.

A argumentação pela analogia não precisa ser longa. Às vezes, em uma frase é possível
sintetizá-la, como fez Ibn Al-Mukafa7 que, para convencer as pessoas a não ajudarem pessoas ingratas, diz que ”Quem põe seus esforços a serviço dos ingratos age como quem lança a semente à terra estéril, ou dá conselhos a um morto, ou fala em voz baixa a um surdo”.

20.6.10

Tese de Adesão Inicial e Tese Principal

Pessoal, quando nós precisamos defender o nosso ponto de vista e com isso buscar convencer o nosso auditório, não devemos propor de imediato nossa tese principal, ou seja, esse ponto de vista que queremos ”vender”. Primeiro, devemos preparar o terreno propondo alguma outra tese com a qual o nosso auditório possa antes concordar.
 
Essa tese preparatória chama-se tese de adesão inicial. Uma vez que o auditório concorde com ela, a argumentação ganha estabilidade, pois é fácil partir dela para a tese principal. As teses de adesão inicial fundamentam-se em fatos ou em presunções.

A tese de adesão inicial é a nossa introdução. Ela será usada no 1º parágrafo da redação.
Para encontrar a tese de adesão inicial devemos interrogar o tema da redação, transformar ele numa pergunta. A resposta será a nossa tese de adesão inicial.
 Vamos tomar como exemplo o tema da FUVEST 2010:
“Ao invés de nos relacionarmos diretamente com a realidade, dependemos cada vez mais de uma vasta gama de informações, que nos alcançam com mais poder, facilidade e rapidez. É como se ficássemos suspensos entre a realidade da vida diária e sua representação.”
Tânia Pellegrini. Adaptado.
Na civilização em que se vive hoje, constroem-se imagens, as mais diversas, sobre os mais variados aspectos; constroem-se imagens, por exemplo, sobre pessoas, fatos,livros, instituições e situações.
No cotidiano, é comum substituir-se o real imediato por essas imagens.


Para acharmos a tese de adesão inicial poderíamos fazer a seguinte pergunta:
Qual é a conseqüência da representação do mundo por meio de imagens através das diversas mídias, como televisão e internet?
Suponhamos que a resposta seja:
A manipulação da realidade com objetivos que podem não beneficiar ao bem maior e ao bem estar de todos.
Esta será a nossa tese de adesão inicial que usaremos para escrever o 1º parágrafo.
Agora que temos a tese de adesão inicial, temos que desenvolver e defender a nossa tese principal.
Mas qual será esta tese principal? Simples, é só buscar responder e entender a tese de adesão inicial. No nosso caso seria o porquê da manipulação da realidade beneficiar somente alguns e não a todos. 
Enfim, essa manipulação pode ser construída para vender determinado produto, mostrando como ele é essencial para o nosso bem estar; ou as imagens também podem ser construídas para influenciar a massa, como aconteceu na Alemanha nazista através da propaganda e retórica política de Joseph Goebbels.

Em resumo, as respostas para a tese de adesão inicial são os argumentos que serão usados para defender a nossa tese principal.

Essa tese principal deverá ser defendida no 2º e 3º parágrafos. Já o 4º parágrafo será usado para expor um exemplo que reforce o valor dos nossos argumentos usados para defender a tese principal.

Depois é só concluir a redação no 5º parágrafo com uma das quatro técnicas de conclusão:
a)      reforço da tese de adesão inicial;
b)      solução para o problema apresentado na tese principal;
c)      questionamento que faça o interlocutor pensar sobre a tese principal;
d)      apresentar um novo fato ainda não abordado e que se complemente à tese principal.

25.5.10

O valor de um bom título para a redação

As primeiras 15 letras são muito importantes.

Uma boa redação já começa pelo seu título. Ainda que alguns vestibulares não citem a obrigatoriedade de se ter um título para o texto, é sempre interessante sintetizar de forma criativa o ponto de vista abordado através de um título chamativo.

Quando se tem um título interessante e bacana, há ainda uma maior predisposição por parte do interlocutor de prosseguir na leitura do restante do texto, ou seja, o título é uma oportunidade que não pode ser desperdiçada, pois ajuda a reforçar o poder de argumentação – no caso de uma dissertação ou carta argumentativa – e cativar o interesse – no caso de uma narração.

De acordo com o professor aposentado da UNESP Rogério Chociay, autor do livro “Redação no vestibular da Unesp: a dissertação”, usar um título genérico é o mesmo que pedir para que a banca examinadora não se interesse pelo texto.

Afinal pessoal, vamos supor que a gente comece a ouvir uma música e logo no início a gente não curta a melodia do som, por mais que a letra seja interessante, a gente nem vai continuar ouvindo a canção até o final, não é mesmo?

Então, vamos agora estudar algumas fórmulas que irão nos auxiliar a criar um bom título.


Fórmula para criar um bom título
OBS – Os títulos abaixo são das melhores redações da FUVEST de 2009 e 2010.

1. Título direto
Ex.: a) Use somente o necessário.
       b) Imagem é poder

2. Título questionativo
Ex.: a) Porque não aceitar a solução do problema é quase sempre o problema da solução?
       b) Fato ou opinião?

3. Título instrutor
Ex.: a) Saiba como chegar naquele lugar.
       b) As boas fronteiras que estimulam o homem.

4. Título de comando
Ex.: a) Pare de esconder os problemas.
       b) Isso não é um cachimbo.

5. Título implícito.
(traz um valor embutido por trás do título, normalmente este valor se refere à tese principal)
Ex.: a) Fronteiras benéficas X Fronteiras opressoras
       b) “Pixels” não valem mais que verbos. E o contrário.

6. Título de garantia
(faz uso de palavras chaves ou conceitos que remetem à tese principal, mas de forma vaga, para que se possa criar uma expectativa e fazer com que o interlocutor leia todo o texto para compreender o sentido abordado no título)
Ex.: a) Ícaro, “I-Pods” e coca cola quente.
       b) Uma imagem vale mais que mil palavras.

7. Título personalizado
Ex.: a) Escher, Platão e o real imaginário.
       b) O grande legado de Platão.

8. Título curto e direto
Ex.: a) Imagem
       b) Persona

12.10.09

Como concluir uma dissertação

Formas de concluir a sua  redação

a) Através de um reforço:
“O relacionamento familiar tem suas particularidades, mas a maioria dos pais revelam que, além das preocupações já mencionadas, sentem-se sufocados com as exigências materiais dos jovens, que comprometem o orçamento doméstico de tal forma, que eles não têm outra alternativa, a não ser adiar seus próprios sonhos.”

O autor retoma, resumidamente, aquilo que explorou durante o texto.


b) Através de uma proposta:
“Vamos começar uma vida nova, de início virando esses nossos mapas para cima, para o Cruzeiro do Sul. Vamos criar nossos referenciais, nossos pontos de apoio, nossas formas de ver o mundo. Essa é a única forma de criar uma nação. Vamos finalmente descobrir o Brasil, mas desta vez com nossos próprios olhos.”

O autor faz uma (ou várias ) sugestões daquilo que deve ser feito para transformar a realidade apontada durante o restante do texto.
O verbo “vamos” apareceu três vezes. Recurso argumentativo e não como mera repetição.


c)Através de um questionamento:
“Quem é que vai pôr freios nessa gente, gentinha, gentalha? Quem sabe uma mudança na legislação que retire deles a proteção da idade, transformando-os em responsáveis por seus atos e, portanto, passíveis de cadeia, fizesse algum bem. Se os pais não cuidam deles, chamem a polícia...”

O autor parte de um questionamento para encerrar seu raciocínio.


d)Através de uma constatação que ainda não apareceu no restante do texto:
“De todas as grandes regiões do mundo, a África abaixo do Sahara é a que determina o século nas mais dolorosas condições, a não ser nos filmes de leões para o circo da televisão, onde o negro só aparece para segurar a câmara do branco, como antes segurava os rifles no safári.”

13.9.09

Redação Dissertativa


Pessoal, aqui estão alguns tópicos de extrema importância no desenvolvimento de uma boa redação dissertativa.
Gostaria, que vocês prestassem atenção, especialmente, à importância dos conectivos, pois, eles auxiliam a tornar o texto mais estético e agradável de ser lido, além de, conferir coesão, ou seja, união e amarração às idéias defendidas nos argumentos do desenvolvimento (2º,3º e 4º parágrafos da redação dissertativa).


Tópicos:
1-A importância da redação;
2- Os requisitos para um boa redação;
3- Os erros mais comuns e o que evitar;
4-A importância da coesão através de conectivos;
5-Como é estruturada uma Dissertação;


1-A importância da redação;
 A redação em muitos vestibulares é determinante para a aprovação do candidato, portanto, é algo que deve ser praticado e levado em consideração extrema ao buscar uma boa colocação nas provas.
Todos estão aptos a escrever uma boa redação, afinal, redação é apenas o ato de escrever e consequentemente, passar um recado ou uma mensagem. E todos mandam recados o tempo todo; ao mandar um bilhete para a sua namorada, ao mandar uma mensagem de texto pelo celular,  ao enviar um convite de uma festa, enfim, o que diferencia estas ações das redações exigidas em vestibulares é fato de ela ser um texto de caráter dissertativo, ou seja, você deve apresentar uma idéia coerente com o tema proposto e realizar a defesa destas idéias através de argumentos.

2- Os requisitos para um boa redação;
 a)Requisitos:
·  Título: deve ser centralizado. Pular linha é opcional;
·  Tamanho: cerca de 30 linhas, que podem ser divididas em um parágrafo de introdução, dois ou três de desenvolvimento e um de conclusão;
·  Grafia: o texto deve ser legível;
·  Similaridade: o ideal é que os parágrafos inicial e final tenham o mesmo tamanho;
·  Coesão: é o uso adequado das preposições, conjunções e expressões de ligação que unem um texto. Falta coesão quando as idéias parecem "soltas", sem se relacionar;
·  Coerência: é o conjunto de relações de sentido que unem as partes de um texto. O texto é coerente quando não apresenta partes incompatíveis.


 b)Como  é avaliado uma redação:
1.Demonstrar domínio da norma culta da língua escrita
2. Compreender a proposta da redação e aplicar conceito das várias áreas de conhecimento para desenvolver o tema, dentro dos limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo.
3. Selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista.
4. Demonstrar conhecimento dos mecanismos lingüísticos necessários para a construção da argumentação.
5. Elaborar a proposta de solução para o problema abordado, mostrando respeito aos valores humanos e considerando a diversidade sociocultural.

3- Os erros mais comuns e o que evitar;
 a)Período longo demais
Muitas informações em um só período quase sempre resulta em falta de clareza e ambigüidade.
"É segundo esta noção de projeto que vamos, a partir desta visão humanista da problemática urbana - sem deixar de levar em consideração as nossas condições de país de formação colonial - analisar os projetos de cidade expressos nos trabalhos de diversos órgãos federais." (perído mal construído)
Correção: Vamos analisar os projetos expressos nos trabalhos de diversos órgãos federais a partir de uma visão humanista da problemática urbana.

b)Frases muito curtas - estrutura incompleta
"Agora, época de eleição, a população cansada de enriquecer políticos, sem escolha de partido." (Redação de aluno)
Comentário: o trecho acima não foi concluído pelo aluno, dessa forma, a estrutura do período tornou-se incompleta.
Correção: Agora, época de eleição, a população cansada de enriquecer políticos, sem escolha de partido, fica à mercê de discursos moralistas que visam formar a opinião pública segundo os seus interesses.

Evitar:
a) Após o título de uma redação não coloque ponto.
b) Nâo precisa autografar.
c) Prefira usar palavras de língua portuguesa a estrangeirismos.
d) Não use chavões, provérbios, ditos populares ou frases feitas.
e) Jamais usar a primeira pessoa do singular, a menos que haja solicitação do tema (Ex.: O que você acha sobre o aborto - ainda assim, pode-se usar a 3ª pessoa)
f) Evite usar palavras como “coisa” e “algo”, por terem sentido vago. Prefira: elemento, fator, tópico, índice, item etc.
g) Repetir muitas vezes as mesmas palavras empobrece o texto. Lance mão de sinônimos e expressões que representem a idéia em questão.
h) Evite o uso de etc. e jamais abrevie palavras
i) Não analisar assuntos polêmicos sob apenas um dos lados da questão


4-A importância da coesão através de conectivos;
 
* ainda - serve, entre outras coisas, para introduzir mais um argumento a favor de determinada conclusão; ou para incluir um elemento a mais dentro de um conjunto de idéias qualquer.

* aliás, além do mais, além de tudo, além disso - introduzem um argumento decisivo, apresentado como acréscimo. Pode ser usado para dar um “golpe final” num argumento contrário.

* mas, porém, todavia, contudo, entretanto... (conj. adversativas) - marcam oposição entre dois enunciados.

* embora, ainda que, mesmo que - servem para admitir um dado contrário para depois negar seu valor de argumento, diminuir sua importância. Trata-se de um recurso dissertativo muito bom, pois sem negar as possíveis objeções, afirma-se um ponto de vista contrário.

* este, esse e aquele - são chamados termos anafóricos e podem fazer referência a termos anteriormente expressos, inclusive para estabelecer semelhanças e/ou diferenças entre eles.


5-Como é estruturada uma Dissertação;
Organiza-se, geralmente, em três partes:
Introdução - onde você explicita o assunto a ser discutido, com a apresentação de uma idéia ou de um ponto de vista que pretende defender.
1 parágrafo

Desenvolvimento ou argumentação - em que irá desenvolver seu ponto de vista. Para isso, deve argumentar, fornecer dados, trabalhar exemplos, se necessário.
É o local onde irá explicar, comprovar, justificar a idéia apresentada na introdução.
3 parágrafos

Conclusão - em que dará um fecho coerente com o desenvolvimento e com os argumentos apresentados. Em geral, a conclusão é uma retomada da idéia apresentada na introdução, agora com mais ênfase, de forma mais conclusiva, onde não deve aparecer nenhuma idéia nova, uma vez que você está fechando o texto. Pode ser um reforço do que foi exposto, uma solução ou um questionamento.
1 parágrafo


6.9.09

1ªTécnica de Redação

Técnica de redação – “Transformar o tema em um questionamento”


a)Como interpretar os temas da redação
Observe, a seguir, alguns procedimentos adequados à interpretação de temas:
·         Leia atentamente o(s) texto(s) apresentado(s).
·         Sublinhar as palavras-chave do(s)texto(s).
·         Encontrar uma idéia comum aos textos. Essa idéia será o tema de sua redação.
·         Caso as idéias sejam antagônicas (contrárias/opostas), extrair desse antagonismo o tema de sua redação.
Importante: leia com atenção o enunciado queacompanha o tema de redação. Verifique o que se pede e siga corretamente as instruções. A desconsideração do enunciado não raro implica desvio total ou parcial do tema.

b)Passos para desenvolver um bom tema
1)interrogar o tema;
2) responder, com a opinião
3) apresentar argumento básico
4) apresentar argumentos auxiliares
5) apresentar fato- exemplo
6) concluir

       
Vamos supor que o tema proposta seja:
 A competividade no mercado de trabalho e os fatores – vocação, talento, boa formação, estar atento á demanda atual - para conseguir um bom emprego.
 
 Primeiro, precisamos entender o tema:
Condições necessárias para o sucesso profissional.

1. Transforme o tema em uma pergunta:
Quais as condições necessárias para se atingir o sucesso profissional?

2. Procure responder essa pergunta, de um modo simples e claro, concordando ou discordando (ou, ainda, concordando em parte e discordando em parte): essa resposta é o seu ponto de vista/introdução.

3. Pergunte a você mesmo, o porquê de sua resposta, uma causa, um motivo, uma razão para justificar sua posição: aí estará o seu argumento principal.

4. Agora, procure descobrir outros motivos que ajudem a defender o seu ponto de vista, a fundamentar sua posição. Estes serão argumentos secundários.

5. Em seguida, procure algum fato que sirva de exemplo para reforçar a sua posição. Este fato-exemplo pode vir de sua memória visual, das coisas que você ouviu, do que você leu. Pode ser um fato da vida política, econômica, social. Pode ser um fato histórico. Ele precisa ser bastante expressivo e coerente com o seu ponto de vista. O fato-exemplo, geralmente, dá força e clareza à nossa argumentação. Esclarece a nossa opinião, fortalece os nossos argumentos. Além disso, pessoaliza o nosso texto, diferencia o nosso texto: como ele nasce da experiência de vida, ele dá uma marca pessoal à dissertação.

6. A partir desses elementos, procure juntá-los num texto, que é o rascunho de sua redação. Por enquanto, você pode agrupá-los na seqüência que foi sugerida. Logo após, busque um fechamento, uma conclusão para o seu ponto de vista, ou seja, sobre o que você abordou em sua redação.

2ª Técnica de Redação

Técnica de redação – "Ideia nova" de Leonardo Schabbach
Muitas vezes quando relemos o nosso texto, a gente percebe que algo não está legal. Parece que algumas palavras se repetem com frequência e que as ideias não estão claras ou interligadas.
Para que o texto fique redondo e com as idéias conectadas, há uma técnica chamada de “ideia nova”. Essa técnica consiste no seguinte:
Após você fazer a introdução, haverá uma “nova ideia” no parágrafo anterior que poderá ser usado no parágrafo posterior.

Exemplo:
Uma menina passeava pela praça.”

Eu posso continuar escrevendo sobre a menina ou sobre a praça. Eu vou optar por escrever sobre a menina.
“Vestia uma roupa velha e corria ao encontro de seus amigos, uns garotos com quem costumava brincar.”

Vamos supor que queira falar agora dos amigos.
Eles pareciam não lhe dar muita atenção, sempre a ignoravam quando jogavam futebol"

Poderia descrever algo que a menina fez para chamar a atenção dos garotos ou aprofundar mais os sentimentos dela em relação a isso (já que eles sempre ignoravam ela quando jogavam futebol). Prossigo desta forma:
"Ela tinha raiva daquele esporte".

E então continuo, raiva por quê?
"Por causa dele era forçada a brincar sozinha".

Por que era forçada a brincar sozinha?
"Não tinha amigas, desde muito pequena que preferia brincar com os garotos".
Por fim, então, temos o seguinte parágrafo:
“Uma menina passeava pela praça. Vestia uma roupa velha e corria ao encontro de seus amigos, uns garotos com quem costumava brincar. Eles pareciam não lhe dar muita atenção, sempre a ignoravam quando jogavam futebol. Ela tinha raiva daquele esporte. Por causa dele era forçada a brincar sozinha. Não tinha amigas, desde muito pequena que preferia brincar com os garotos.”
Lembre-se pessoal, que neste exemplo, foi usado um texto narrativo. As redações dos vestibulares são de cárater dissertativo.

Agora, vamos estudar como esta técnica foi aplicada nesta redação dissertativa – que, inclusive, obteve nota 10 no ENEM de 2006.
Ler para compreender
Vivemos na era em que para nos inserir no mundo profissional devemos portar de boa formação e informação. Nada melhor para obtê-las do que sendo leitor assíduo, quem pratica a leitura está fazendo o mesmo com a consciência, o raciocínio e a visão crítica.
A leitura tem a capacidade de influenciar nosso modo de agir, pensar e falar. Com a sua prática freqüente, tudo isso é expresso de forma clara e objetiva. Pessoas que não possuem esse hábito ficam presas a gestos e formas rudimentares de comunicação.
Isso tudo é comprovado por meio de pesquisas as quais revelam que, na maioria dos casos, pessoas com ativa participação no mundo das palavras possuem um bom acervo léxico e, por isso, entram mais fácil no mercado de trabalho ocupando cargos de diretoria.
Porém, conter um bom vocabulário não torna-se o único meio de “vencer na vida”. É preciso ler e compreender para poder opinar, criticar e modificar situações.
Diante de tudo isso, sabe-se que o mundo da leitura pode transformar, enriquecer culturalmente e socialmente o ser humano. Não podemos compreender e sermos compreendidos sem sabermos utilizar a comunicação de forma correta e, portanto, torna-se indispensável a intimidade com a leitura

Comentários:
Na introdução (1º parágrafo), percebe-se que o autor aborda a importância da formação e informação.
Portanto, nos parágrafos seguintes, ou seja, no desenvolvimento, serão abordadas estas duas idéias que foram apresentadas na introdução.
No parágrafo de argumento da idéia principal (2º parágrafo da redação), o autor defende como é importante a formação no desenvolvimento da comunicação.
No parágrafo de argumento e exposição de um fato ou exemplo (3º parágrafo da redação), o autor apresenta uma referência que comprove a importância da formação, ou seja, é exposto um exemplo de como o desenvolvimento da comunicação é necessário no sucesso profissional.
Já, no parágrafo de argumento da idéia secundária (4ºparágrafo da redação), o autor defende como a informação ajuda no desenvolvimento do caráter crítico do indivíduo.
E para finalizar com mestria a redação, o autor conclui o texto (5º parágrafo) fazendo um reforço do que já foi abordado.


Atenção galera, aqui vai uma dica valiosa:
A Redação não deve ser vista como algo chato e obrigatório, mas, sim como uma oportunidade de manifestar a sua opinião. Nós devemos sempre questionar tudo que chega até a gente, mesmo que seja algo em que a gente concorde. Porque ao questionar, a gente vai procurar respostas, e nisto é que se dá o processo de adquirir conhecimento.